domingo, 27 de julho de 2014

Meu eu lírico adúltero

Me desculpe meu amor, 
mas eu lhe traio, sem pudor

tenho uma caso com as rimas,
marco encontro pelas esquinas
me esqueço com elas
me aqueço em suas pernas

desço por todo seu corpo,
com os lábios a entoar
aquilo que o peito sente
e que a boca vem a falar

Passo as mãos por entre os versos
sem medo de ser descoberta
leio, ouço, vivo e vejo
aquilo que me desconcerta

danço em festas às escuras
me espreito com elas, sem nenhuma frescura
me perco em seus versos, 
e esqueço toda a ética, ora, o que me resta
senão a licença poética?

Meu amor, você há de me perdoar
pois ainda que com elas, 
penso sempre em você.
As rimas são minhas meninas,
mas é por ti que vou escrever.

Agora pouse seus olhos em mim,
em um minuto chegaremos ao fim,
enquanto lhe dou meu melhor sorriso,
e te convenço que és o que eu preciso
meu amor, meu bem, continue aqui
Pois, não há poesia no mundo, que me leve pra longe de ti.