domingo, 19 de agosto de 2012

28 vezes ensaiando, e saiu do jeito errado.

- Então é assim, né... 
Eu olhava pro chão quando falava, parecia menos doloroso.
- É. Tem que ser, né.
- Olha, eu ensaiei essa cena na minha cabeça umas 28 vezes, e em nenhuma delas você era tão indiferente quanto agora.
- Nem é tão ruim, você nunca esteve comigo. Ou eu nunca estive com você, sei lá. O fato é, que nós nunca estivemos juntas. - Isso era mentira, eu sabia disso. Ela também sabia. Nós estivemo juntas sim, como quando naquele verão que a avó dela morreu, ou naquele inverno que o meu cachorro adoeceu. E estávamos juntas mais uma vez, gritando internamente para que a outra não ouvisse, mas nós éramos tão juntas, que conseguíamos nos ouvir, ainda que não houvesse som. E ouvíamos os gritos e choros uma da outra. Mas era uma desculpa, ou uma fala das cenas ensaiadas na minha cabeça. - Na verdade, não precisa ser tão ruim.
- Já está sendo.
Lembrei-me de quando nos conhecemos, e do sutiã que ela usava. A maneira suja como nos agarramos no banheiro, sujo do bar sujo.
- Por que você não olha pra mim, quando fala comigo? 
Ela me perguntou com aquela cara que eu odiava ver, mas adorava que ela fizesse. 
- Porque você vai saber que eu tô mentindo.
- Você sempre mente, você é uma mentirosa.
- Você quem tá mentindo agora.
- Não tô não, você é uma mentirosa, uma imunda, uma suja, e ruim de cama. Nunca me fez gozar.
- Até parece.
- Eu fingi pra você, porque eu sabia que isso te fazia sentir bem.
- Tá falando que eu fodo mal?
- Tô. Você fode mal, você faz tudo mal. A única coisa que você faz bem, é enganar as pessoas.
- Mas que porra, por que você nunca falou antes?
- Sei lá, eu gostava de você.
- Então fode comigo agora.
- O que?
- Vem pra um motel barato, ou deixa eu te comer aqui mesmo. Prova que não gosta mais.
- Tá maluca?
- É só Sexo. Fode comigo.
- Eu não vou simplesmente abrir as pernas pra você, ou abrir as suas. Deixa de ser louca.
Tarde demais, ela já estava abrindo.
E fodemos. E gozamos.
- Só sei que eu não gosto mais de você, mesmo.
- Eu também te amo.

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