- Então é
assim, né...
Eu olhava pro chão quando falava, parecia menos doloroso.
- É. Tem
que ser, né.
- Olha, eu ensaiei essa cena na minha cabeça umas 28 vezes, e em nenhuma delas você era
tão indiferente quanto agora.
- Nem é
tão ruim, você nunca esteve comigo. Ou eu nunca estive com você, sei lá. O fato
é, que nós nunca estivemos juntas. - Isso era mentira, eu sabia disso. Ela também sabia. Nós estivemo juntas sim, como quando naquele verão que a avó dela morreu, ou naquele inverno que o meu cachorro adoeceu. E estávamos juntas mais uma vez, gritando internamente para
que a outra não ouvisse, mas nós éramos tão juntas, que conseguíamos nos ouvir, ainda que não houvesse som. E ouvíamos os gritos e choros uma da outra. Mas era uma desculpa, ou uma fala das cenas ensaiadas na minha cabeça. - Na verdade, não precisa ser
tão ruim.
- Já está
sendo.
Lembrei-me de quando nos conhecemos, e do sutiã que ela usava. A
maneira suja como nos agarramos no banheiro, sujo do bar sujo.
- Por que
você não olha pra mim, quando fala comigo?
Ela me perguntou com aquela cara que eu odiava ver, mas adorava que ela fizesse.
- Porque
você vai saber que eu tô mentindo.
- Você
sempre mente, você é uma mentirosa.
- Você
quem tá mentindo agora.
- Não tô
não, você é uma mentirosa, uma imunda, uma suja, e ruim de cama. Nunca me fez
gozar.
- Até
parece.
- Eu
fingi pra você, porque eu sabia que isso te fazia sentir bem.
- Tá
falando que eu fodo mal?
- Tô.
Você fode mal, você faz tudo mal. A única coisa que você faz bem, é enganar as
pessoas.
- Mas que
porra, por que você nunca falou antes?
- Sei lá,
eu gostava de você.
- Então
fode comigo agora.
- O que?
- Vem pra
um motel barato, ou deixa eu te comer aqui mesmo. Prova que não gosta mais.
- Tá
maluca?
- É só
Sexo. Fode comigo.
- Eu não
vou simplesmente abrir as pernas pra você, ou abrir as suas. Deixa de ser
louca.
Tarde
demais, ela já estava abrindo.
E
fodemos. E gozamos.
- Só sei
que eu não gosto mais de você, mesmo.
- Eu
também te amo.
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